Digitalização da saúde é tema central na 9ª edição do Congresso Todos Juntos Contra o Câncer

Com o intuito de ampliar o acesso ao diagnóstico qualificado, especialistas se unem para debater avanços necessários

A digitalização da saúde não é um tema futurista, mas algo que já faz parte do dia a dia dos brasileiros e que pode evoluir de maneira estratégica para ampliar o acesso aos atendimentos de qualidade, beneficiando também os profissionais de saúde e os gestores do SUS. Este foi o eixo do simpósio promovido pela Roche no 9º Congresso Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC), em 29 de setembro de 2022.

Mariana Ferrão
Jornalista

Luis Gustavo Gasparini Kiatak
Presidente da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS)

Luciana Holtz
Diretora Presidente do Instituto Oncoguia

André Bertomeu
Parceiro do Ecossistema de Saúde na Roche Farma Brasil

Dra. Annamaria Massahud
Presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia - Regional de Minas Gerais

Dr. Julio Teixeira
Diretor da Oncologia do Hospital da Mulher, Professor e Pesquisador da Unicamp

A jornalista Mariana Ferrão conversou com especialistas que explicaram o atual momento do Brasil na digitalização da saúde e qual o papel de cada um no setor para construir o futuro em que esses processos ajudem a atender as necessidades da população. Luis Gustavo G. Kiatake, presidente da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS), contou que a Estratégia de Saúde Digital 2020-2028 vem evoluindo na gestão federal e tem como principal foco a continuidade do cuidado do cidadão.

Kiatake comentou dois principais projetos dentro desta Estratégia. O primeiro foi a Rede Nacional de Dados em Saúde, que começou durante a pandemia centralizando registros de vacinas e testes de Covid-19 e agora está se expandindo para dados de assistência ambulatorial, sumários de altas hospitalares, entre outros, para que os profissionais acessem o histórico de cada paciente durante o atendimento.

Outro projeto destacado foi a informatização da Atenção Primária à Saúde, que inclui, por exemplo, as unidades básicas de saúde e as informações coletadas pelas equipes de saúde da família, área que passou a ter uma remuneração adicional atrelada aos avanços na digitalização.

“Um dos nossos sonhos é que as pessoas possam ver nos aplicativos do SUS seus históricos de exames, como mamografias e biópsias; no caso de quem tem câncer, o registro da primeira quimioterapia, quantas foram, os nomes dos medicamentos e também poder reportar em tempo real o que ocorre entre uma consulta e outra, receber o suporte de que precisa”, disse Luciana Holtz, fundadora e presidente do Instituto Oncoguia.

Na visão de Luciana, a digitalização da saúde precisa ser cada vez mais debatida para que todos entendam a importância de conectar as instâncias de atendimento e as pessoas a fim de garantir o diagnóstico precoce e os cuidados mais adequados. “Com dados tomamos melhores decisões e criamos melhores políticas públicas”, afirmou.

André Bertomeu, Parceiro do Ecossistema da Saúde na Roche Farma Brasil, trouxe o contexto de que a digitalização da saúde é um dos pilares do Healthcare Impact Plan – ou plano de transformação da saúde – da companhia porque envolve questões estruturantes e soluções de gargalos que têm o potencial de permitir o acesso às inovações a quem precisa delas, de forma mais rápida e com aplicação mais eficiente dos recursos públicos. “Desafios complexos como os da saúde demandam atuação coletiva e nós, da Roche, somos parceiros dos atores do setor da saúde para ajudar a construir esses caminhos”, salientou.

Annamaria Massahud Rodrigues dos Santos, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) Regional Minas Gerais, apresentou no simpósio a iniciativa Saúde da Mulher, desenvolvida por Roche, Federassantas e techtools para digitalizar a jornada das pacientes de câncer de mama desde o rastreamento até o tratamento e acompanhamento.

Com início na região de Poços de Caldas (MG), a médica explicou que o projeto tem o objetivo de dar visibilidade a todos os envolvidos sobre os próximos passos e pendências no atendimento, permitindo ações como busca ativa das mulheres por parte do sistema de saúde, retornos mais rápidos e interações mais oportunas, o que evita perda de tempo e de recursos públicos no enfrentamento da doença.

“Nossa proposta é mostrar que o projeto é viável, sustentável e escalável e traz a tecnologia respondendo à necessidade de humanização do sistema de saúde, colocando as pessoas realmente no centro do cuidado, principalmente aquelas que têm mais dificuldade nesta interação e que não podem ficar de fora”, ressaltou a mastologista.

Julio Teixeira, chefe da Divisão de Oncologia da Unicamp, expôs no simpósio os resultados de um programa para erradicação e diagnóstico precoce do câncer de colo de útero realizado pelo Centro de Atenção Integral a Saúde da Mulher (CAISM) da Unicamp, a Roche e a Prefeitura Municipal de Indaiatuba, cidade do interior de São Paulo de 256 mil habitantes.

Segundo o pesquisador, a digitalização de dados eliminou sete etapas em papel no atendimento às mulheres, integrou e acelerou as informações de rastreamento, diagnóstico, tratamento e seguimento das pacientes. Após 30 meses de programa, com o exame DNA-HPV foram detectadas 21 mulheres com câncer de colo de útero, sendo 67% dos casos em estágio inicial, em comparação com 12 casos detectados pelo Papanicolau, com idade média bem superior, de 49,3 anos, e apenas um caso em estágio inicial.

A detecção do câncer nas mulheres que fizeram o teste de DNA-HPV foi antecipada em 10 anos e muitas outras que deram positivo para o vírus fizeram a colposcopia, que é um tratamento curativo e preventivo para detectar lesão inicial, pré-câncer. Por outro lado, caso o teste seja negativo para todos os tipos de HPV, de acordo com as diretrizes internacionais, a mulher pode aguardar a repetição do exame em cinco anos com segurança. “A tecnologia não salva vidas somente, salva tratamentos e custos; é o que estamos demonstrando com essa iniciativa e queremos que seja replicada em todo o Brasil”, afirmou Julio Teixeira.

ContatoLocalizaçãoFacebookInstagramYouTubePerguntas frequentesMedicamentosCarreirasPolítica de Privacidade