Câncer de origem desconhecida – conheça mais

Como o perfil genômico está esclarecendo um tipo de câncer pouco compreendido e ajudando a encontrar soluções aos pacientes

Casos de câncer de origem desconhecida, chamados de CUP (sigla em inglês), representam de 3 a 5 por cento de todos os diagnósticos da doença. E o que define esta doença é que, de forma frustrante, não existe uma característica específica real: os pacientes apresentam a doença já em estágio avançado (metastático) e o local específico de origem é desconhecido. Por isso, a abordagem tradicional de tratamento para o câncer — na qual a doença e as terapias são definidas pelo local de origem — acabam não funcionando em casos de CUP. Atualmente, o tratamento mais comum para o CUP (quimioterapia à base de platina) tem se mostrado ineficaz - com 89 por cento dos pacientes que apresentam CUP em sobrevida inferior a 11 meses após os seus diagnósticos iniciais.

O câncer de sítio primário desconhecido (CUP) é desafiador tanto para pacientes quanto para os médicos. Segundo Dr. Andreas Beringer, diretor médico global de medicina personalizada da Roche, “o inimigo é invisível. Você não sabe com quem lutar ou como lutar contra a doença de origem desconhecida”.

Ao mesmo tempo em que o Dr. Beringer apresentava a “cegueira” associada com o câncer de origem desconhecida, o Dr. Jeff Ross, Diretor Médico da Foundation Medicine em Boston, tentava esclarecer essa doença frustrantemente desconhecida, utilizando uma abordagem única ao diagnóstico de câncer.

Em 2010, a Foundation Medicine, à época uma empresa recém-criada voltada para a genômica do câncer que o Dr. Ross ajudou a fundar e que agora faz parte do Grupo Roche, foi a pioneira nos métodos mais avançados de Sequenciamento de Nova Geração (NGS) no campo. A Foundation Medicine utiliza uma combinação precisa de obtenção e leitura do DNA do tumor com algoritmos sofisticados de bioinformática para fornecer o perfil genômico abrangente para cada paciente. Utilizando esse perfil genético, a equipe de pesquisa clínica da Foundation Medicine seleciona a literatura mais atual sobre o câncer no mundo para combinar o perfil genético de cada paciente com a opção de tratamento ou um estudo clínico disponível. Até o momento, a Foundation Medicine analisou o perfil de mais de 230.000 pacientes e já publicou mais de 200 artigos de seus melhores resultados.

Para Marcelo Oliveira, Head da Roche Foundation Medicine no Brasil, os serviços de análise genômica do câncer da FOUNDATION MEDICINE têm potencial de transformar a maneira como a prática clínica é conduzida. “O acesso a este tipo de dado permite aos médicos informações sem precedentes sobre a constituição molecular individual dos pacientes com câncer, que possibilitam adotar um tratamento mais personalizado, sobretudo em casos desafiadores como o CUP”, completa.

Em 2012, quando a Foundation Medicine começava a gerar uma quantidade significativa de dados genéticos sobre os pacientes que apresentam câncer, o Dr. Ross percebeu quantos deles surgiam com um diagnóstico de câncer de origem desconhecida. “De forma bem rápida, reuni 200 casos”, ele conta. “Garanti que ninguém soubesse onde se encontrava o seu local primário e que nenhum exame que tivesse sido realizado pudesse provar onde se encontrava o local primário”.

“Fiquei chocado, depois que realizamos a nossa análise genética, ao descobrir uma arca do tesouro com possíveis mutações genéticas direcionadas contra as quais existia uma terapia eficaz”, diz o Dr. Ross. No fundo, o Dr. Ross percebeu pistas genéticas específicas sobre a doença, que sugeriram possíveis tratamentos — algo que escapou aos olhos da maioria dos oncologistas ao confrontarem-se com o câncer de origem desconhecida.

As implicações para essa descoberta foram gigantescas. O Dr. Ross relembra que, quando ele enviou os seus achados para o Journal of the American Medical Association, os editores ficaram tão impressionados que “eles não queriam publicá-lo no JAMA; eles queriam utilizá-lo como artigo de primeira página do seu novo jornal, JAMA Oncology”.

O artigo, diz o Dr. Ross, demonstrou que os exames semelhantes realizados em cada paciente que apresentava câncer de origem desconhecida foram capazes de “encontrar muitos caminhos diferentes sobre a forma de tratar o paciente, o que poderia terminar com um resultado muito melhor e uma sobrevida mais prolongada do que a abordagem da quimioterapia tradicional. Essa é uma necessidade médica não atendida que estamos vivenciando”.

Alavancando os seus recursos globais, a experiência em combater doenças complexas e um arsenal extenso de tratamentos eficazes, a Roche e a Foundation Medicine  desenvolveram um estudo clínico internacional com a finalidade de testar a eficácia e a segurança da terapia guiada por alvos moleculares em pacientes que apresentam câncer de sítio primário desconhecido. O estudo foi chamado CUPISCO, que em Latim significa “desejo”.

Para Lênio Alvarenga, diretor médico da Roche no Brasil, o estudo CUPISCO representa a concretização de um dos pilares da medicina personalizada e o compromisso da Roche em proporcionar o melhor tratamento hoje, ao mesmo tempo que, utilizando o que há de melhor na ciência, alimentamos o conhecimento para que outros pacientes sejam ainda melhores tratados no futuro.

Lançado em mais de 100 centros distribuídos em 23 de países, incluindo o Brasil, o estudo teve início em abril de 2018 e incluirá mais de 800 pacientes antes de concluir o seu relatório final em 2022.

Ao longo do último ano, a análise genética abrangente em mais de 4.500 pacientes identificou nove das alterações genéticas mais comuns para as quais já existe um tratamento direcionado e eficaz. Essas alterações genômicas e os tratamentos relacionados definem os nove braços de tratamento do estudo. Para ajudar a determinar o braço de tratamento mais adequado para cada paciente, foi criada uma reunião multidisciplinar molecular (tumour board) — a primeira desse tipo — composta de patologistas, especialistas em câncer de origem desconhecida e do oncologista responsável pelo tratamento do paciente.

Para obter sucesso, será necessário mostrar que, para um número de pacientes estatisticamente significativo, há melhoria nos resultados em cada braço de tratamento. Mas devido ao escopo geográfico do estudo, o tratamento direcionado alcançará uma ampla gama de pacientes. A parceria com a Roche significa que mais pacientes podem obter acesso às drogas de ponta às quais, sem esse estudo, eles não teriam acesso. Os médicos participantes do estudo no país também se beneficiarão do processo, uma vez terão acesso à informações moleculares precisas que os ajudarão a controlar a doença e a se comunicarem de forma clara com os pacientes.

Nossa capacidade de aprender com dados singulares, tais como os que a Foundation Medicine tem gerado e o CUPISCO gerará, levará a uma compreensão muito mais precisa de cada paciente individualmente. Este é o futuro que estamos construindo para viabilizar a promessa de serviços de saúde verdadeiramente personalizados. Todos os estudos da Roche, que hoje utilizam os serviços genômicos da Foundation Medicine, oferecem a oportunidade de criarmos um valor significativo para os pacientes e o sistema de saúde, afirma Alvarenga.

“Os pacientes que apresentam CUP são marginalizados”, diz o Dr. Ross. “É difícil ter qualquer consciência pública, é difícil ter o apoio da sociedade quando as pessoas vão a óbito de forma tão rápida”, diz ele. “Se formos capazes de fazer pequenas mudanças incrementais, você começará a ter apoio da sociedade liderada pelos pacientes que vivem por mais tempo e ajudarão a fornecer apoio aos pacientes recém-diagnosticados”.

Além das especificidades do câncer de origem desconhecida, o Dr. Ross e o Dr. Beringer acreditam que o estudo possa servir como um modelo para uma abordagem mais personalizada para a doença, na qual os tratamentos específicos são identificados — ou descobertos — com base na composição molecular única do tumor de cada paciente.

“Há muitas informações em cada tumor que contêm a chave para a sua cura e que podemos deixar passar de forma despercebida. Pela sua própria natureza, este tipo de câncer demanda que integremos algo que sabemos sobre a genética do câncer do paciente, porque é a única coisa de que dispomos para seguir em frente. Desse modo, ele é o protótipo para o medicamento verdadeiramente personalizado”, afirma o Dr. Beringer.

Dr. Ross concorda: “O estudo CUPISCO tem a chance de ser a mudança na prática”.

Para mais informações, acesse aqui

  1. Stella, G.M., et al. (2012) J Transl Med 10:12; 2. Urban, D. et al. (2013) Br J Cancer 109:1318-24

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