Comorbidades em pacientes com Artrite Reumatoide

Além de possuírem artrite reumatoide, os portadores da doença podem desenvolver outras doenças concomitantes, o que se chama “comorbidades” ou “doenças associadas”. Saiba mais!

A artrite reumatoide (AR) é uma doença que pode causar importante limitação funcional, mas o(a) paciente está, também, sujeito(a) a outros riscos potenciais. Isso ocorre porque ela pode causar outras doenças ao longo de sua evolução. Essas comorbidades podem estar diretamente associadas à AR ou surgir de forma indireta, devido à reação adversa de medicamentos utilizados no tratamento da doença1.

Assim, a artrite reumatoide pode desencadear outras doenças autoimunes como ela, que são mais frequentes nesses pacientes, quando comparados à população em geral. Um exemplo não muito raro é a tireoidite de Hashimoto (doença inflamatória da tireoide)2.

Em pacientes com artrite reumatoide, mais frequentes que as doenças autoimunes são aquelas relacionadas à “ateromatose” (formação de placas de gordura nos vasos sanguíneos). Exemplos de doenças causadas por esse mecanismo são as doenças coronarianas (angina, infarto do miocárdio), as doenças vasculares periféricas e os acidentes vasculares encefálicos (AVEs – os “derrames cerebrais”), do tipo isquêmico (por trombose) ou hemorrágico (por hipertensão arterial não controlada)2. Outras condições mais frequentes em quem tem artrite reumatoide são2:

  • Insuficiência cardíaca congestiva

  • Diabetes mellitus tipo 2

  • Osteoporose

  • Distúrbios dos lipídios (colesterol, HDL e triglicerídeos)

Por causar diferentes níveis de incapacidade e do potencial impacto sobre os aspectos sociais, econômicos e psicológicos da vida do paciente (fadiga, mudança da imagem corporal, baixa autoestima etc.), a artrite reumatoide também pode desencadear transtornos da saúde mental, como depressão e ansiedade, o que torna importante a abordagem multidisciplinar no tratamento desses pacientes3.

O impacto dessas comorbidades na qualidade de vida de um paciente com AR varia de acordo com a gravidade e o número de doenças associadas, visto que elas se manifestam de maneiras distintas em cada indivíduo. É importante também salientar que, algumas vezes, a presença dessas doenças associadas impedem ou dificultam modalidades de tratamento, fazendo com que seus portadores não consigam o nível de melhora desejado (diminuição dos sinais e sintomas)1.

Além disso, manifestações como fadiga, perda de peso, insônia e falta de apetite, presentes nos pacientes com AR (com ou sem fibromialgia e/ou transtornos afetivos associados), podem piorar o quadro clínico, com mais dor e, em consequência, distúrbios do sono. Os transtornos da saúde mental (depressão/ansiedade) frequentemente causam menor interação social, redução da capacidade funcional e variável restrição de atividades físicas, fatores que, por sua vez, podem provocar um pior prognóstico e redução da qualidade de vida1.

Ademais, o sedentarismo resultante das manifestações acima pode favorecer o aparecimento da obesidade e de outras doenças correlatas, como hipertensão, diabetes mellitus e dislipidemias (alterações das gorduras no sangue, como colesterol e triglicérides elevados)1.

Assim, é recomendável que os pacientes com AR tenham um estilo de vida o mais saudável possível, considerando-se suas limitações, com atividade física regular, boa dieta, peso adequado, evitando hábitos nocivos, como o tabagismo, excesso de bebida e uso de drogas. O tabaco, em especial, aumenta a chance de aparecimento da artrite reumatoide e de uma evolução pior da doença, com maior gravidade, assim como o risco de problemas cardiovasculares2.

Assim, é fundamental que o paciente informe ao médico qualquer sintoma diferente dos que ele já considera habituais e relacionados à AR. Essa informação precoce pode ser muito importante no planejamento e na interação eficaz entre os membros da equipe multidisciplinar1.

Texto por: Raquel Prazeres

Revisão e supervisão médica: Dr. Breno Álvares de Faria Pereira | CRM–GO: 6128
Reumatologista e pediatra; ex-fellow researcher de Reumatologia do Children’s Hospital of Philadelphia (EUA); mestre pelo IPTSP-UFG; professor assistente da Faculdade de Medicina da UFG

Referências:

  1. Dias ER. Avaliação da influência das comorbidades na qualidade de vida em pacientes com artrite reumatoide [dissertação de mestrado]. Universidade Federal de Pernambuco; 2017.

  2. Sociedade Brasileira de Reumatologia. Comorbidades (doenças associadas) em pacientes com artrite reumatoide [Internet]. Acessado em: 21 ago 2020. Disponível em:

  3. Sociedade Brasileira de Reumatologia. Depressão e ansiedade podem atingir quem tem artrite reumatoide [Internet]. Acessado em: 21 ago 2020. Disponível em:

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