Fatos que os pacientes precisam saber sobre a remissão da artrite reumatoide

Sabemos que a artrite reumatoide é uma doença crônica e incurável, no entanto o gerenciamento adequado traz a oportunidade de controle da doença, permitindo a recuperação da qualidade de vida, livre de limitações. Este é o conceito de remissão, um dos principais temas debatidos no Congresso Europeu Anual de Reumatologia (EULAR), que aconteceu em Madrid, durante o mês junho de 2019.

Afinal, o que é a remissão? Para os médicos a remissão está ligada ao controle clínico e laboratorial da artrite reumatoide, definidos por uma série de critérios estabelecidos pelas diretrizes nacional e internacional de tratamento da doença. Já para pacientes o conceito de remissão pode estar diretamente ligado à ausência das dores e realização das atividades diárias.

Para médicos e pacientes a remissão é o alvo principal do tratamento - que atualmente conta com um amplo arsenal terapêutico. Porém, para alcançar este objetivo, algumas regras devem ser seguidas. É o que nos explica o médico reumatologista, Dr. Flavio Calil Petean: "a primeira delas é o ótimo relacionamento entre médico e o paciente, em que o médico explica o que é a sua doença e qual a importância de manter a remissão. A segunda parte importante é o paciente seguir as recomendações do reumatologista".

A evolução do estado de remissão é tão grande que permite novas condutas médicas. Petean ressalta que, em pacientes com dois anos de remissão mantida,"o médico consegue fazer o escalonamento dos medicamentos, sendo possível reduzir a dose sem que a doença entre em atividade. Mas para isso, tanto o médico quanto o paciente têm que trabalhar juntos", enfatiza.

Não existe uma varinha mágica que dê ao médico o poder de decidir o momento exato em que o paciente vai entrar em remissão. É preciso entender que ela é definida segundo os critérios das diretrizes de tratamento da Artrite Reumatoide, estabelecida pela Sociedade Brasileira de Reumatologia, que avaliam as escalas de atividade inflamatória da doença, o impacto sobre as atividades de vida diária, padrão de dor referido pelo paciente e os exames de imagem e de sangue. Alguns pacientes podem não atingir a remissão plena, para esses casos o reumatologista trabalha para que a doença seja mantida na mais baixa atividade inflamatória possível.

Uma pesquisa realizada em 2014 pela Fundação Holandeza de Artrite¹, aponta que apenas 13% dos pacientes com artrite reumatoide entendem a remissão como uma meta médica de controle da doença e mais de 50% dos pacientes compreendem que a ausência de dor é sinal de controle da doença. Na verdade é preciso compreender que a remissão deve ser a meta do médico e do paciente e para atingi-la é preciso mais que tomar medicamentos.

O tratamento medicamentoso é o pilar da remissão na artrite reumatoide, mas diversos fatores ligados ao autocuidado são fundamentais para atingi-la e mantê-la. Em 2018, um estudo realizado no Canadá² apontou que 45% das pessoas diagnosticadas não atingiram o objetivo no primeiro ano de tratamento, resistência ligada à obesidade para as mulheres e ao tabagismo para os homens. Mudanças no estilo de vida, como praticar atividade física, cuidar da alimentação e não fumar, são partes fundamentais deste processo.

Uma pesquisa divulgada durante o congresso europeu apontou que a remissão da artrite reumatoide reduz em 80% os riscos cardiovasculares³, um dos principais fatores de riscos associados a ela. Sendo assim, não nos falta benefícios para buscar e viver a remissão.

Referências:

  1. Sustained remission in rheumatoid arthritis: Latest evidence and clinical considerations. DOI:

  2. Lifestyle and MTX Use Are the Strongest Predictors of Not Achieving Remission in the First Year of Rheumatoid Arthritis: Results from the Canadian Early Arthritis Cohort (CATCH).

  3. The occurrence of subclinical and clinical atherosclerosis in rheumatoid arthritis, results from the 3-year, multicenter, prospective, observational, girrcs study

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